sexta-feira, 25 de maio de 2012

Primeiro Livro Perdido: Hellland

Oii pessoaal, meu nome é Mel, essa é minha primeira publicação aqui no blog, e como primeiro livro perdido temos BEM VINDOS AO HELLLAND, confiram o primeiro capítulo aiii galera!!
                                                                                                                                             


1
Convite
A professora estava distribuindo todos os panfletos para os alunos da classe. Quando ela finalmente chegou ao garoto, ele começou a ler cuidadosamente o pedaço de papel preto com letras vermelhas psicóticas dando o anúncio. Enquanto o garoto lia mentalmente o folheto, a professora lia em voz alta para todos os que queriam ouvir. O que eram muitos.
Com a inauguração do mais novo Parque Temático, Hellland, leu o garoto ao som da professora. Temos a honra de lhes informar que sua escola foi sorteada para presenciar as maravilhas deste parque. Sua escola foi uma das três que obteve os cinqüenta ingressos que Hellland sorteara. Junta com a sua escola (Professor Caeran Cezar Costa), as escolas, Professor Joaquim Frances e Professor Carlos Almeida, estarão no dia vinte e três de setembro nos portões do nosso parque. Esperamos vocês lá. Apenas para alunos cursando o terceiro ano do ensino médio e professores.
O garoto terminara de ler antes da professora. Nome estranho, ele pensou, lembrando-se do nome do parque. Hellland…
– Infelizmente – começou a professora logo depois de terminar de ler, os alunos fazia um rebuliço conversando sobre as atrações de nomes macabros que o parque tinha, como montanha do inferno e tumba d’água. – O parque só nos deu apenas cinquenta ingressos. O que me faz perguntar a vocês: Quem gostaria de ir ao Hellland?
Todos levantam as mãos, inclusive o garoto, ele estava entusiasmado para conhecer todos os brinquedos do parque.
Richard Grant era um garoto alto, de pele um tanto clara, mas escura aos olhos dele. Os cabelos eram negros e lisos, seus olhos mais negros ainda, mas se olhasse de perto veria que era um tom de marrom sobre o preto. Estava usando uma camiseta verde com touca e calças jeans azul manchada de branco, seu tênis era marrom-escuro e parecia até uma bota. Estava usando uma pulseira branca que pareciam dois cintos presos ao seu pulso. No ouvido, um fone discreto tocava baixo o som de Three Days Grace. Tinha dezessete anos de idade.
Ele era um garoto inteligente, estrategista e gostava muito de ouvir rock e metálica. Acalmava seus nervos. Às vezes se perguntava o motivo de ainda estar na escola, afinal, se duvidassem, a sua mente era mais ampliada que de seus professores, exceto o da professora de História Maria e do professor de Matemática Elie.
– São muitos alunos. – Disse a professora Ágata, de filosofia. – Como o convite é para todos os alunos do terceiro ano, os professores tiveram a brilhante idéia de chamar apenas dez alunos de cada sala do terceiro ano. Aqueles que não quiserem, pedirem desistência ou se arrependam, têm que vir falar com o professor até antes do dia vinte de setembro. E então chamaremos mais alunos.
Algumas pessoas não gostaram da idéia, mas Richard Grant sorriu. Sabia que ele seria chamado, todos os professores o conheciam e todos o adoravam.
Sua amiga, Islly Belly, também sorriu. Eles sabiam que seriam chamados, Islly era uma das que tinham mais notas altas na classe. Verificou para ver se alguém mais fazia algum tipo de demonstração, viu que Mike Ribeiro estava feliz, e a sua namorada, Suzana Silva, estava um pouco nervosa. Ela não era das mais inteligentes, mas era uma das que mais tinham probabilidades de ir, já que a maioria das pessoas daquela sala eram tão estúpidas que pareciam pombos.
– Muito bem, aqui vão os dez alunos que já possuem uma vaga garantida para o parque, se o mesmo não desistir. – A professora pegou a lista de chamada e arrumou os óculos para ler em voz alta os dez nomes. – Alex dos Santos, Carlos Ferreira, Fernanda Grace, Hélio de Souza, Islly Belly, Jéssica Marcelina, Mike Ribeiro, Richard Grant, Suzana Silva e Thallita Dick.
Richard ouviu os xingos dos alunos que os nomes não foram chamados, eram todos os tipos de palavrões que insultavam a professora.
– Erick, já pra diretoria, a partir de agora você está proibido de ir para excursões até o final do ano letivo – disse a professora, Erick tinha lhe xingado de filha duma… - lave a boca com sabão.
Erick saiu da sala pisoteando o assoalho e fazendo um barulho surdo do chão de madeira. A professora, por sua vez, não deu à mínima. Apenas voltou a conversar com os alunos.
– Como eu dizia. Todos estes alunos mencionados serão levados ao parque de diversões Hellland no dia vinte e três deste mês.
Mais burburinhos foram surgindo com o clamar do dia da inserção. Faltavam apenas vinte dias para o chegado dia, os alunos pareciam empolgados com o passeio, mas não tinham maneira de saber como eram as atrações do parque e nem a algumas referências, pois ele não tinha um site para que os alunos ficassem informados.
Richard sentiu a vibração nas partes baixas de seu corpo, seu celular tinha vibrado, para informar que ele tinha recebido uma mensagem via SMS.
Era uma mensagem de Islly.
Como estavam sentados em ordem alfabética, não era possível eles conversarem em voz alta ou simplesmente se falarem em formas de gestos, pois a professora era rigorosa demais. Se ela descobrisse que estavam trocando mensagens em seus celulares, eles ficariam sem eles rapidamente em um piscar de olhos.
No visor de seu curve estava escrito a seguinte frase de duas palavras:
“Você vai?”
Ele olhou para a professora, que estava fazendo uma ronda na sala, tirando as dúvidas de uns alunos aqui e acolá, e começou a digitar com seus dedos hábeis.
“Acho que sim, vou ver com meus pais se eles vão ou não deixar. Mas e você, vai?”
Quando o celular vibrou novamente, ele se virou para Islly, que já estava com a cara colada no celular.
Islly tinha a mesma idade que Richard, dezessete anos. Os dois eram altos, tinham olhos escuros, cabelos escuros e lisos, gostos de música um tanto semelhante, gostos por filmes e livros semelhantes. Conheciam-se a pouco mais ou pouco menos de dez anos, era o terceiro ano que tinham no colegial, e nunca repetiram um ano na vida.
Quando a mensagem chegou a seu celular, a professora estava passando por perto, ele se fez de fingido e esperou a professora passar para dar uma olhada novamente no celular.
“Vou, com certeza, não é tão caro, sessenta e seis e sessenta centavos… e qual é a desses sessenta centavos, poxa. Tudo isso pra ganhar mais dinheiro quando um babaca diz, fica com o troco? Fala sério.”
Ele colocou uma série de letras K no SMS e enviou de volta como resposta.
Depois que a sineta tocou, a professora saiu da sala deixando todos os alunos lá dentro, uns se esgueiram para fora para conversar no corredor, e Richard já vivenciou várias senas naquele ano de professores que não deixavam os alunos entrarem novamente após a chegada do professor. Mas os alunos não tiveram problema, pois todos conseguiram chegar a tempo antes da entrada do professor Elie na sala.
Os alunos estavam exaustos, e todos recusavam fazer lição, excepcionalmente de matemática. Era a ultima aula e ninguém estava com vontade de ficar fazendo equações.
Quando todos foram dispensados, as agitações nos corredores foram enormes, alunos que iam para lá e outros batiam suas mochilas nos menores e batiam as portas fazendo ecoar um som de estourar os ouvidos.
Richard e Islly representavam a classe deles no PMEE (Programa de Monitoramento Estudantil da Escola), e naquele dia tinham reunião dos representantes do terceiro ano, ficaram até um pouco mais tarde na escola. Aproveitaram o tempo vago para conversar entre si na sala de reuniões, onde a diretora ainda não estava presente com o Professor Flavio, o representante do terceiro ano. Filosofia.
No PMEE são escolhidos dois alunos, uma garota e um garoto, para representarem sua classe nas reuniões que tinham com a diretora e alguns dos professores. Richard e Islly representavam o terceiro ano C, mais oito alunos estavam presentes na sala, completando os terceiros anos A, B, C, D, E.
– Espero que não demore – diz o garoto do B, alto, musculoso, cabelos louros e íris azul. Sucesso das garotas, capitão do time de futebol.
– Eu também espero – dias a garota do B, a namorada dele, estatura média, magra, oriental, em boa forma, grande busto, olhos definidos com a maquiagem e lábios carnudos. Sucesso dos garotos, líder de torcida.
– Demorando ou não, vamos falar sobre as nossas oportunidades, estão estressados porque as notas de vocês não se aplicaram aos módulos para irem ao Hellland. – Diz Islly.
– Fica na sua, idiota – diz a garota do B.
Eles não sabiam o nome de todos os representantes, inclusive os do B, que eram chatos e só foram escolhidos pela classe para serem seus representantes porque chantagearam os alunos com dinheiro.
A diretora chegou logo em seguida, junta com o Professor Flavio. Ela trazia uma maleta de negócios, prateada até a alça.
– Alunos, boa tarde – disse ela, estava com um vestido vermelho apertado, tinha cabelos cacheados e era muito extravagante. Seus óculos escuros em formato de meia-lua eram dourados nos aros, o batom vermelho berrante combinava com o cabelo escarlate, as sombras dos olhos eram desenhadas com borboletas negras voando. Suas unhas eram dez setas pontudas molhadas em um sangue brilhante. O salto alto era enfeitado com laços extremamente grandes. Tinha um colar com um pingente de cabeça de unicórnio e duas letras grafadas nele: LG, as sigla de seu nome, Larissa Garcia.
– Boa tarde. – Disseram em uníssono.
– Nesta reunião vamos falar sobre a nossa próxima excursão para Hellland, o parque temático. – Disse a diretora, sua voz era sedutora, e era muito jovem, deveria ter vinte e seis anos. – Estou dando a oportunidade que pediram de fazer mais uma excursão a vocês, como pediram.
– Algumas das coisas não pedimos – disse o garoto do B.
– Como classificar a entrada dos alunos ao parque por suas notas, Eduardo? – perguntou a diretora sarcasticamente, inclinando um pouco os óculos para poder olhar fixamente os olhos do garoto. Neste dia ela estava usando lentes de contato brancas.
Eduardo (o garoto do B) não fez nenhum comentário. Mas Richard, por sua vez…
– Acho que a idéia foi corretíssima, isso da aos alunos motivação para estudar – disse.
– Vou te mostrar a motivação, idiota - disse Eduardo.
– Se continuarem a briga, vou revogar as propostas que Flavio e eu tivemos – disse a diretora Larissa.
Eduardo calou-se novamente.
– Estivávamos pensando, Flavio e eu, e tivemos a idéia de deixar todos os representantes de classe ter a oportunidade de irem ao parque. Com tudo – acrescentou ao ver que Eduardo e a sua namorada comemoravam. – Se o comportamento de alguns não se ajustar, teremos que revogar a revogação e voltar atrás com nossas propostas.
Ele fez desdém.
– Diretora – disse Islly. – Alguns alunos do C estão com uma questão, o parque não têm site para que os alunos possam ver as atrações, queríamos saber se alguém da direção foi até o parque ou tem alguma informação sobre ele.
– Creio que os folhetos que os professores entregaram aos alunos tinham algumas fotos das atrações, estou enganada? – a diretora sempre falava com os alunos daquele jeito formal, era uma típica forma de tratá-los.
– Sim, tinham algumas fotos, mas eram só algumas das atrações, no folheto tinham apenas… - Islly pegou o folheto da mochila e contou quantas fotos tinham. – São cinco, e aqui está dizendo que o parque é o maior de toda a América Latina. Devem ter uma quantidade mais alta de brinquedos do que apenas cinco.
A diretora arqueou uma sobrancelha.
– Vou ver se consigo providenciar uma lista das atrações aos alunos esta semana pelo fax. – disse ela fazendo uma anotação numa caderneta que ela tirara de dentro da mala de negócios.
– Alguns do D perguntaram sobre os horários, se são oficiais ou vão ser alterados até vinte e três – perguntou Elizabeth, a representante do D.
– Estamos vendo sobre isso – disse o professor Flavio, a primeira vez que ele falava. – Se não for alterado, vocês vão realmente sair daqui às oito horas da manhã e vão voltar às dez da noite.
– Certo – disse Elizabeth.
– Enquanto ao preço – disse Islly. - Sessenta e seis reais e sessenta centavos? Sessenta centavos?
– Desculpe, mas foi o preço que eles nos indicaram, não podemos ir contra a vontade dos nossos fornecedores – disse Flavio. – Já que a entrada ao parque é esta, e não vão pagar a condução, até que é um preço relevante.
– Mas porque sessenta centavos? – insistiu Islly.
– Não precisa se preocupar – a diretora tirou os óculos escuros para olhar diretamente para Islly. – Vamos devolver seus quarenta centavos.
Eduardo riu.
– Não é questão de devolver o meu troco – Islly não tinha papas na língua. – A questão é, o que fazem eles cobrar sessenta centavos?
– Pergunte a eles quando estiver lá – disse a namorada de Eduardo. – Ah, desculpe, vão te confundir com os monstros que haverão por lá.
Antes de Islly esbofeteá-la, a diretora deu um estalo de dedos, como se tivesse se lembrado de algo importante.
– Sobre os monstros – ela disse. – Como os outros parques que se prezem, os monstros são as principais atrações, mas os de Hellland são tão realísticos que parecem de verdade, olhem, tenho algumas fotos.
Ela pegou as fotos de dentro da maleta, de todas que ela tirou, todas pareciam ter sido tiradas de algum filme muito famoso de Hollywood. Os zumbis, demônios, lobisomens e outras coisas tão assustadoras eram tão reais e medonhas que davam arrepios na espinha de Richard. Criaturas como um tigre branco ensangüentado e partes de suas tripas saindo para fora, um guerreiro chinês com armaduras de aço e marionetes do tamanho de humanos reais eram os mais horripilantes, os gemidos de Eduardo eram ouvidos a longa distância.
– Por causa dos grandes efeitos especiais das maquiagens que Hellland possui, não serão permitidas as entradas para portadores de doenças cardíacas, mentais e etc. – As palavras finais da diretora eram ligeiras e davam aos alunos ali presentes a sensação de que não podiam conspirar com sua autoria.
– É de matar qualquer um de medo – disse Eduardo.
– Sim – disse o professor.
– Quais professores irão conosco? – a do A perguntou.
– Além de mim – disse Flavio –, que sou o professor coordenador do terceiro ano, irão à professora de história, Maria, o professor de química, Decio, e a professora de inglês, Fátima.
– Certo então – disse Mateus, do E. – Acho que não vou poder ir, tenho sérios problemas de aceleramento cardíaco.
– Será uma pena – disse a diretora.
– Mais alguma pergunta? – o professor de filosofia parecia empolgado para ir embora.
Os alunos silenciaram. Richard levantou a mão e a diretora fez sinal para ele prosseguir.
– Será autorizada a entrada de aparelhos eletrônicos, como celulares?
– Contra a vontade da escola – disse a diretora. – Contra a vontade da escola. O parque e a escola propuseram deixar, mas tivemos muita luta para que fosse negado. Mas eles disseram que era inviável. Pediram o número dos telefones celulares de todos os alunos que têm certeza que irão comparecer ao parque.
A diretora tirou mais uma folha da maleta e colocou na frente dos alunos com uma caneta de prata para que escrevessem seus números na folha.
– Só para quem tem certeza – ela repetiu.
Richard visualizou a folha com cuidado, refletiu por um momento até que todas as peças do tabuleiro foram colocadas à mesa. Quando deu por si, o número do seu celular já estava escrito na folha, com sua letra puxada e quase ilegível.